02/12/10 11h30

Rhodia faz acordo com usina Paraíso para cogeração

Valor Econômico

A multinacional francesa Rhodia fechou um acordo no Brasil para o desenvolvimento de projetos de biomassa, a partir do bagaço da cana, com a usina Paraíso Bionergia, de Brotas (SP). Esse contrato faz parte de um pacote de 20 empreendimentos, orçados em € 1 bilhão, no qual a múlti participará com € 200 milhões. Em entrevista ao Valor, Phillippe Rosier, presidente da Rhodia Energy Services, disse que a companhia também trará para o país uma tecnologia que a multinacional está desenvolvendo na Ásia para cogeração de energia a partir da vinhaça (resíduos do açúcar e do álcool) para a transformação em biogás. Acordos nesse sentido deverão ser fechados nos próximos meses.

Criada em 2000, a divisão de energia da Rhodia começou a desenvolver projetos sustentáveis em países emergentes. "Temos duas unidades em operação de cogeração de energia a partir da vinhaça na Ásia e outras três em construção", disse Rosier. Essas unidades estão localizadas na China, Vietnã e Malásia.

A usina Paraíso tem capacidade para processar cerca de 2,5 milhões de toneladas de cana por safra, afirmou o vice-presidente da Rhodia Energy na América Latina, Elder Martini. A cana será utilizada pela companhia como matéria-prima para produzir eletricidade. Pelo acordo entre as duas companhias, a Paraíso vai fornecer para a Rhodia o bagaço e a palha de cana, em regime de exclusividade. A maior parte da eletricidade gerada por essa unidade de cogeração será comercializada no mercado livre de energia. A usina sucroalcooleira também será autossuficiente em produção de energia para consumo próprio. A usina Paraíso terá capacidade instalada de 70 megawatts (MW) e produzirá eletricidade suficiente para atender 200 mil residências ou 600 mil pessoas.

No Brasil, a Rhodia está entre as maiores consumidoras de etanol para fins industriais - são cerca de 500 milhões de litros por ano. O mercado de álcool industrial para as indústrias químicas e farmacêuticas movimenta no país um volume superior a 1,5 bilhão de litros por ano, de acordo com a União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica).

O país tornou-se este ano importante plataforma de atuação da multinacional francesa no mundo. Desde julho, o Brasil responde pelas divisões de fenol (utilizado para produção de resinas) e solventes da Rhodia, área que responde por 50% da receita da companhia no país, e também pelo segmento de fibras (fios industriais). A empresa pretende investir no país cerca de US$ 200 milhões nos próximos três anos. Esse valor, que não inclui aquisições, será para promover o crescimento orgânico da companhia no país, de acordo com informações do grupo em recente entrevista ao Valor.