20/07/15 14h38

RMC lidera a preferência do executivo que deixa a Capital

A região está em 2º lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das metrópoles do País; só perde para a Capital

Correio Popular

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) é considerada a menina dos olhos do Interior entre os executivos dispostos a deixar a Capital em busca de mais qualidade de vida e oportunidades. Dados divulgados no início do mês colocam a RMC no segundo lugar do ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das metrópoles do País. Só perde para a Capital. Além do desenvolvimento econômico e tecnológico, melhores condições de trabalho, de estudo e a proximidade com São Paulo também pesam na hora de arrumar as malas e embarcar para o Interior, segundo apontam levantamentos e representantes de grandes associações ligadas à indústria e comércio.

Um levantamento feito pela empresa de recrutamento Heads com 1.125 profissionais apontou que eles consideraram o Interior de São Paulo muito bom para viver, estudar e trabalhar. O destaque foi para o quesito viver, com 80% dos votos muito positivos. Cinquenta e cinco por cento avaliaram trabalhar no interior como muito bom e 45% consideraram estudar no Interior muito bom. A segurança e as relações interpessoais também foram bem avaliadas. “Acredito que são vantagens que eles veem em relação à Capital. Ressalto ainda que entre os que já moraram no Interior, 91% consideram a região muito atrativa para viver”, afirmou Camila Donati, diretora da Heads e responsável pela pesquisa.

No ranking das macrorregiões mais bem avaliadas do Interior de São Paulo, Campinas aparece no topo com 86% de atratividade, seguida de Jundiaí, com 74%, e de Sorocaba, com 70%. Campinas continuou no topo do levantamento da Heads como a preferida dos executivos mais jovens e dos mais velhos. As demais cidades sofreram variações. Entre as pessoas com mais de 55 anos, 95,24% consideraram Campinas a mais atrativa. Esse índice foi seguido por Jundiaí, com 90,48% dos votos, e São José dos Campos, com 80,95%. Já entre os executivos com menos de 35 anos, 57% consideraram Campinas como a cidade mais atrativa. Ribeirão Preto e Jundiaí aparecem na sequência, com 75,31% e 67,90%, respectivamente.

“O filtro por idade mudou bastante a partir da terceira colocada. Ribeirão Preto aparecia como mais atrativa para os mais jovens, talvez pela vida noturna, pela badalação. São José dos Campos sobe no ranking para os mais velhos. Talvez isso esteja relacionado com a questão geográfica, por estar próxima da praia. A região do Vale do Paraíba, de São José dos Campos, tem bastante qualidade de vida e fácil acesso à Capital e à praia”, comentou Camila. O trânsito também tem peso importante na decisão de deixar a Capital. O salário foi um dos pontos considerados desfavoráveis no Interior. Para 56% dos avaliados, a remuneração é menor se comparada à São Paulo. Mas Camila afirma que quando se leva em conta o custo de vida — preços de aluguel, transporte, alimentação — no Interior ainda é possível economizar mais.

Vida nova

Gerente de Recursos Humanos da multinacional GE-Gevisa, instalada em Hortolândia, Alberto Ferreira, de 50 anos, não pensou duas vezes em deixar a Capital, há três anos, atraído pelo desafio da vaga e pela infraestrutura de Campinas, onde mora. Infraestrutura, segundo ele, parecida com São Paulo, mas sem tantos problemas. “Tem trânsito carregado, mas é infinitamente menor que São Paulo. Aqui esse problema se restringe ao ‘horário de rush’. Em São Paulo a qualquer hora tem trânsito”, compara o executivo, que perdia três horas e meia no trânsito da Capital e, atualmente, gasta no percurso de ida e volta para o trabalho em média uma hora.

A proximidade dos shoppings, universidades, hospitais e localização perto da Capital pesaram na decisão de Ferreira. “Em São Paulo, se você vai ao Ibirapuera você concorre com 9 milhões de pessoas para encontrar uma vaga para estacionar. As atrações culturais de lá são maiores, mas Campinas não deixa de ser competitiva, até por estar muito perto”, disse. Ele ressaltou ainda as oportunidades do Interior. “O parque industrial daqui é de ponta. Tem muitas oportunidades, apesar da recessão. E na minha área os salários são compatíveis com São Paulo”, completou.

Índice de Desenvolvimento Humano é o segundo do País

A preferência dos executivos pela região de Campinas não e à toa. A RMC aparece no Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil como a segunda no ranking com o IDHM 0,792, empatada com Distrito Federal e atrás apenas da Grande São Paulo, com IDHM de 0,794. Outro ponto que coloca a Região Administrativa de Campinas como a mais bem avaliada é que se trata da segunda no Estado de São Paulo em concentração de indústrias de grande porte, com mais de 500 funcionários. Estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostra que há 180 delas instaladas na região, quantidade inferior apenas à Região Metropolitana de São Paulo, que possui 254 empresas desse porte. As crises hídrica, econômica e política que o País tem enfrentado não têm provocado alterações nessa dinâmica notada já há algum tempo por alguns setores.

Segundo José Nunes Filho, diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp-Campinas), a RMC, em particular Campinas, tem algumas atrativos que não são vistos em nenhuma outra região do País. “Principalmente no que concerne à área de logística. Cinco das principais rodovias do País passam aqui. Temos o aeroporto de Viracopos, que nos próximos 25 anos deve atingir 90 milhões de passageiros ao ano. Outro fator que atrai as empresas e empresários é a área de inovação, conhecimento, qualificação de mão de obra. Temos aqui em Campinas 45 instituições de Ensino Superior, 15 institutos de pesquisas. Nós temos também uma cadeia produtiva riquíssima na região que é cadeia de petróleo e gás. Executivos vão encontrar aqui IDH de nível europeu. Apesar da crise econômica, ainda somos privilegiados por ter esses potenciais.”

Presidente da Rede Imobiliária Campinas, Rodrigo Coelho de Souza afirma que Campinas é um dos primeiros destinos das empresas que querem sair da Capital, o que acaba atraindo os executivos. “Com isso, existe grande procura de residências para compra e locação.” Adriana Flosi, presidente da Associação Comercial e Industrial de Campinas, diz que, entre outros fatores, a Região Metropolitana de Campinas chama a atenção dos executivos por ser um polo de alta tecnologia e do conhecimento. Adriana também ressaltou o conforto do Interior. “Como tendência mundial, as pessoas têm pautado a qualidade de vida antes de mais nada. É importante trabalhar em empresas grandes, manter o nível de salário, mas tem um peso maior ter a família feliz, em uma cidade com mais segurança, conforto, onde você não perca cinco horas preso no trânsito”, observou. (IM/AAN)