09/05/11 14h14

Rodoanel gera negócios imobiliários no ABC

DCI

A construção do trecho sul do Rodoanel, obra pública que une todo o interior de São Paulo, já vem trazendo melhorias para o mercado imobiliário na região do ABC. Apostando disso, a MBigucci, presidida pelo empresário Milton Bigucci, ampliou seus negócios residenciais e entrou no ramo da construção de condomínios comerciais através da construção de 26 galpões, com um investimento de R$ 63 milhões (US$ 39,4 milhões). Quem também aproveitou o bom momento para abrir escritório na região foi a Fernandez Mera, que espera atingir 10% dos negócios do ABC, chegando a R$ 220 milhões (US$ 137,5 milhões) em valor geral de vendas (VGV). Em Diadema, números divulgados pela prefeitura apontaram que a busca por terrenos na cidade, depois da obra, saltou de 5 para 10 pedidos mensais.

Para Marcos Bigucci, diretor da MBigucci, a entrada no mercado de galpões industriais é um novo passo do grupo, que tem foco no ABC, "nosso foco não deixará de ser a construção residencial, mas vimos na construção no Rodonael uma oportunidade única de ampliação de negócios", afirmou. O novo condomínio, que terá 26 galpões, ficará entre as rodovias Anchieta e Imigrantes, em Diadema, tem previsão de entrega em junho de 2012. "Estamos apostando fortemente nesse segmento, e já planejamos a segunda unidade", adiantou o executivo. Sem revelar detalhes, o segundo empreendimento do grupo deverá ficar em Santo André, e a expectativa é que seja ainda maior. "Queremos construir em Santo André cerca de 80 galpões e fazer o maior condomínio da região", adiantou Bigucci, que prevê entrega em quatro anos.

Um estudo recente realizado pela CB Richard Ellis com dados de 2011 mostrou que o ABC não tem taxa de vacância no quesito galpões industriais. "Em lugares como Barueri e Alphaville, que são tradicionalmente conhecidos por portar galpões, a taxa fica entre 5% e 10%, e no ABC, hoje, esse número é zero", diz. Para o professor de Economia em Negócios Imobiliários da Universidade Metodista, Rubens Floriano, o Rodonael trouxe de volta ao ABC um fluxo de terrenos que havia se perdido na década de 70. Para o acadêmico esse cenário mudou muito em razão das obras do Rodoanel. "Esse interesse voltou a ficar latente depois, justamente, de as empresas voltarem a ver o ABC como um 'porto-seco' de carga", disse lembrando da proximidade da região com o porto de Santos.

Além disso, o professor explica que há muitas áreas não residenciais que podem ser usadas tanto para construção de centros de logística ou distribuição quanto para novas plantas de fábricas. "Muito se fala sobre terrenos no ABC, mas acredito que toda a saturação esteja apenas em São Bernardo e no ramo residencial. Imóveis de caráter comercial ou industrial têm muito espaço e 2011 deverá ser de ouro para o setor", afirmou.

A cidade de Diadema também já vem colhendo os frutos com a construção, que facilitou a logística na região e fez com que crescesse a demanda por espaços tanto para projetos residenciais quanto industriais duplicar no período de um ano, e aumentou o valor dos terrenos. De acordo com dados da prefeitura do município, em 2009 as solicitações de certidão para projeto de prédio comercial e industrial eram em média de dez ao mês, e este ano este número subiu para 20. Para empreendimentos residenciais a média de 2009 era de duas certidões ao mês e, em 2010 chegou a cinco mensais.

Os valores também dispararam. A consultoria imobiliária Herzog estima que áreas para uso por indústrias na cidade, que tinham custo entre R$ 100 (US$ 62,50) e R$ 250 (US$ 156,25) o m² (metro quadrado) há dois anos, agora são encontrados por R$ 200 (US$ 125) a R$ 500 (US$ 312,50) o m². O município tem atraído o interesse por condomínios industriais, em que várias empresas dividem espaços (que são locados) e rateiam gastos de serviços como segurança, portaria, limpeza etc. Os empreendimentos que têm surgido têm tido, de forma geral, sucesso na ocupação.