15/04/15 14h32

Saab vai treinar na Suécia 350 profissionais brasileiros

Valor Econômico

O programa de desenvolvimento do caça sueco Gripen NG, que será produzido parcialmente no Brasil para atender a uma encomenda de 36 unidades feita pela Força Aérea Brasileira (FAB), vai levar cerca de 350 engenheiros e técnicos das empresas parceiras brasileiras para serem treinados na Suécia, informou o vice-presidente da Saab, Lennart Sindahl.

A maior parte desses profissionais, perto de 200 pessoas, virá da Embraer, que ontem assinou com a Saab o acordo de parceria para a gestão conjunta do projeto F-X2 da FAB, dando sequência ao memorando de entendimento que já havia sido anunciado em julho.

"A cidade de Lindköping, onde está a fábrica do Gripen, na Suécia, já está se preparando para a chegada dos brasileiros e até criou um departamento para ensinar português aos cidadãos", disse Sindahl. A unidade da Saab em Lindköping, segundo o executivo, é a principal empresa da cidade e emprega aproximadamente cinco mil funcionários.

Pelo acordo firmado com a Saab, a Embraer terá um papel de liderança na execução do programa e realizará grande parte do trabalho de produção e entrega das versões monoposto e biposto do Gripen NG.

O ministro da Defesa, Jaques Wagner, disse que o acordo entre a Embraer e a Saab é um passo importante na decisão estratégica do governo brasileiro de buscar parceria para o desenvolvimento e transferência de tecnologia que envolve a construção de um caça de última geração. "Tenho certeza de que a Saab vai se surpreender com a criatividade e a capacidade dos engenheiros e pilotos brasileiros para fazer o melhor avião de caça da modernidade", afirmou.

O presidente da Embraer Defesa & Segurança, Jackson Schneider, disse que a empresa vai criar um centro de desenvolvimento de tecnologia de avião militar a jato em sua fábrica em Gavião Peixoto (SP). A iniciativa também é parte do acordo assinado ontem com a Saab, no âmbito do programa dos caças. A montagem final de 15 caças Gripen NG será feita na fábrica da Embraer, em Gavião Peixoto. A Aeronave possui mais de 23 mil peças e componentes.

A Embraer vai coordenar as atividade de produção e montagem final do avião, bem como a parte de desenvolvimento e engenharia, tanto da versão monoposto (um assento) quanto a biposto (dois lugares). Esta última, segundo o executivo da Embraer, será desenvolvida desde o início no Brasil.

Além da Embraer, o programa de desenvolvimento e produção do Gripen NG inclui as brasileiras Mectron, do grupo Odebrecht Defesa & Tecnologia (integração de armamentos e sistema de datalink), a Akaer (desenvolvimento da estrutura), a Inbra Aerospace (produção da fuselagem), a Ael Sistemas (cockpit) e a Atech (simulador).

A Akaer concluiu parceria com a Saab, com a venda de 15% do seu capital para a empresa sueca. A assinatura oficial do acordo também aconteceu ontem na Laad, maior feira de defesa e segurança da América Latina, que acontece no Rio Centro (RJ) até sexta-feira.

A parceria da Saab com a Embraer também contempla a exploração conjunta das oportunidades de vendas globais do Gripen NG, que irá disputar um mercado potencial de três mil caças nos próximos 20 anos. "A ideia é que cada empresa invista seus esforços de vendas nos mercados ontem são mais atuantes", disse Schneider.

A Embraer, segundo ele, tem experiência de vendas mais ativas no segmento militar na América Latina e África, enquanto a Saab possui maior atuação na Comunidade Europeia.