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Santista sofistica denim para fugir dos chineses

Valor Econômico - 20/06/2007

Cansada de competir em preço com o denim (e indiretamente com os produtos acabados de jeans na China), a Santista Têxtil decidiu redirecionar seu mix de produtos para itens de maior valor agregado. Até meados de 2008 a empresa vai abandonar a fabricação do denim básico, considerado uma commodity. Atualmente, mais de 50% da produção da Santista está voltada para a produção de denim "premium", mais nobre, utilizados pelas principais grifes brasileiras e algumas internacionais, de acordo com o presidente da companhia, Ricardo Weiss. "É uma verdadeira mudança cultural. Não podemos mais competir apenas com preço". A mudança do mix começou a tomar corpo em 2005, quando as roupas prontas vindas da China começaram a invadir o mercado brasileiro. No ano passado, foram investidos US$ 70 milhões na modernização do parque fabril (com unidades espalhadas entre Brasil, Chile e Argentina). Em 2007 outros US$ 50 milhões serão aplicados. Os volumes totais de produção, hoje na casa dos 150 milhões de metros lineares por ano, não serão alterados. A fusão da Santista com a espanhola Tavex contribuiu para acelerar as transformações no mix de produto, de acordo com Weiss. O grupo formado no ano passado, que se transformou no maior fabricante de denim do mundo, se reúne constantemente com representantes de grifes poderosas como Diesel, Miss Sixty, Zara, Levi´s e Blue Cult para discutir novas tendências e tentar detectar as exigências dos consumidores. Além dos investimentos na América do Sul, a Tavex planeja abrir uma nova unidade fabril em Honduras, para aproveitar o acordo de livre comércio com os Estados Unidos. Um terreno já foi adquirido no local, mas não foi definida uma data para o início das obras. Recentemente a Tavex adquiriu duas unidades da mexicana Acotex para ficar mais próxima do mercado americano de jeans superpremium, estimado em 800 milhões de metros lineares e que movimenta US$ 1 bilhão por ano. A Santista informa deter cerca de 20% do mercado brasileiro de denim, cuja produção mensal é de cerca de 50 milhões de metros lineares. Muitos fabricantes já estão apostando em produtos de maior valor agregado para combater o produto pronto chinês. É o caso da cearense Santana Têxtil, que no fim do ano passado criou a Loco Serius Denim. Já a Canatiba, de Santa Bárbara D´Oeste (SP), informa que toda sua produção (7 milhões de metros lineares por mês) é voltada para segmento premium desde o início da década de 80.