15/10/12 15h25

São Sebastião atrai recursos com megaporto

Folha de S. Paulo

Ampliação de terminal marítimo deve multiplicar empregos e levar R$ 5 bi em investimentos à cidade do litoral norte

Preço de terrenos sobe até 300% com expectativa sobre obra, que tem previsão de término em 2035

As praias de São Sebastião, no litoral norte paulista, fazem do turismo a principal atividade local. Mas um novo perfil econômico se desenha com recursos que vão quase quintuplicar a área do porto da cidade e duplicar sua capacidade de cargas.

Os investimentos públicos e privados chegarão a pelo menos R$ 4,9 bilhões até a próxima década. Nada mal para um município com cerca de 75 mil habitantes.

A cifra abarca R$ 2,5 bilhões da iniciativa privada para a ocupação das novas áreas úteis do porto, que devem chegar ao total de 1,2 milhão de metros quadrados - hoje são 250 mil metros quadrados -, mais R$ 2,1 bilhões do Estado em acessos rodoviários a São Sebastião.

A previsão é que o número de empregos no porto salte de cerca de 450 atuais para 4.500 diretos e indiretos quando o megaporto estiver em plena atividade.

Com isso, crescerá a busca por mão de obra direcionada à atividade portuária, e instituições de ensino como Fatec (Faculdade de Tecnologia de SP) e Etec (escola técnica estadual) iniciam cursos específicos para a área.

"Foi assinado compromisso de que as vagas de emprego geradas pelas empresas [com o novo porto] terão de ser preenchidas com pelo menos dois terços de mão de obra captada na região", afirma Casemiro Tércio Carvalho, presidente da Companhia Docas de São Sebastião - estatal que administra o porto da cidade.

O prazo para o término de quatro fases da ampliação é 2035, mas deve ser "bem adiantado" porque as obras dos acessos rodoviários, com novo traçado da rodovia dos Tamoios, devem ser entregues até meados de 2016, segundo a Secretaria de Estado de Logística e Transporte.

BOOM IMOBILIÁRIO
O prefeito Ernane Bilotti Primazzi (PSC), reeleito no domingo passado, diz que as expectativas criadas com o novo momento da cidade fizeram subir até 300% os preços de terrenos e imóveis nos últimos três anos.

"Áreas de 300 metros quadrados na costa norte, por exemplo, custavam R$ 20 mil três anos atrás e agora chegam a até R$ 80 mil."

Os salários no turismo também devem melhorar. "Para manter um bom garçom no restaurante ou um bom gerente no hotel, o empresário vai ter que pagar melhor do que o que se paga no porto", diz Casemiro Tércio.

Apesar das expectativas, há preocupações, principalmente em Ilhabela. Moradores da região temem o impacto gerado pelo terminal de contêiner do projeto.