26/04/10 11h08

Sermatec busca sócio e diversifica atuação para voltar a crescer

Valor Econômico

A indústria de bens de capital Sermatec, de Sertãozinho (SP), controlada pela família Biagi, de tradicionais usineiros do país, está passando por uma reestruturação, que passa pela diversificação das atividades da companhia e pela busca por novos sócios. Atingida em cheio pela crise financeira global e também pelo período de turbulência que afetou o setor sucroalcooleiro, entre 2008 e 2009, os acionistas da empresa estão à procura de uma nova identidade para seu negócio.

Em entrevista ao Valor, Antonio Carlos Christiano, CEO da companhia, contou que a empresa quer reduzir sua dependência do setor sucroalcooleiro e está abrindo o leque para atuar em novos segmentos, como papel e celulose, petróleo e gás - estratégia que também foi adotada pelos seus principais concorrentes nacionais, como a Dedini, com sede em Piracicaba (SP).

A empresa, que viu seu faturamento praticamente derreter durante o período mais crítico da crise, quer atrair novos sócios - tanto fundos de investimentos como empresas que já atuam nesse segmento. Os acionistas contrataram a consultoria Stratus para atrair esses novos parceiros. "Nos próximos meses deveremos definir o novo sócio. Mas a família quer se manter no controle da empresa", disse Christiano. O executivo foi contratado há nove meses pelos acionistas da companhia para dar novo rumo à Sermatec. Ex-executivo da Dedini, com passagens também pela Villares e Inepar, Christiano disse que a Sermatec já está voltando novamente para os trilhos.

Há cerca de 10 dias, a empresa fechou contrato com a argentina Papel Misionero, do grupo Zucamor, para a entrega de uma caldeira de leito fluidizado (queima resíduos com a menor emissão de gases). O valor do negócio é de US$ 20 milhões para a entrega em até 24 meses, mas que poderá ser antecipado. Esse é um importante passo dado pela companhia na diversificação de seus negócios. A empresa também está em tratativas com a Petrobras para fazer o seu cadastro como fornecedor de equipamentos para as indústrias de petróleo e gás. "Hoje açúcar e álcool representam quase 100% do faturamento da companhia. O objetivo é que caia para até 50%." A meta da Sermatec, passado o período de crise e retomada de sua expansão, é se tornar uma companhia com faturamento de R$ 1,5 bilhão (US$ 833 milhões) nos próximos três a cinco anos. Também há planos para abertura de capital no futuro, de acordo com Christiano.

As exportações também fazem parte da estratégia da Sermatec. A empresa tem quatro contratos vigentes, boa parte deles ainda focado em açúcar e álcool. Um deles é com a Odebrecht, que está construindo uma usina de etanol em Angola. Há também projetos para vendas de equipamentos para usinas no México e Colômbia. "Também passaremos a ser uma empresa de serviços. Vamos fazer manutenção de equipamentos de usinas durante o período de entressafra da cana (de dezembro a abril), por exemplo. Aprendemos com a crise do setor e não queremos repetir a mesma história de colocar todos os ovos na mesma cesta."