12/01/10 11h31

Setor farmacêutico deve ter safra de fusões e aquisições

Valor Econômico

Um dos setores que irá continuar em alta este ano será o setor farmacêutico e a empresa que será o destaque será a Hypermarcas, segundo disseram ao DCI especialistas da Fundação Getulio Vargas e da BDO. "A empresa tem deixado claro que sua estratégia é crescer por meio de aquisições, então ela deverá apresentar novas compras este ano", afirmou o professor de Finanças Corporativas e coordenador do curso de Fusões e Aquisições da Fundação Getulio Vargas, Oscar Malvessi. Quem concorda com ele é o presidente da auditoria BDO, Eduardo Pocetti. "Trata-se de um segmento forte, no qual a competição é acirrada e a inovação deve ser constante. Sem dúvida, as fusões serão muito úteis para que as companhias se fortaleçam ainda mais", conclui.

Este ano, a Hypermarcas já começou a sondar a Teuto Farmacêutica, que possui mais de 60 anos no mercado e teve um faturamento de R$ 300 milhões (US$ 152,3 milhões) em 2009. "A Hypermarcas chegou a conversar conosco para uma possível compra, porém ainda não estamos interessados em vender a empresa", afirmou ao DCI o presidente da Teuto, Marcelo Leite Henriques.

A Teuto ainda afirmou que este ano tem o objetivo de lançar 90 produtos no mercado farmacêutico na área de genéricos no primeiro semestre. A companhia também disse que tem a intenção de fazer pequenas aquisições este ano para agregar novas linhas de produtos e complementar as linhas que já possui. Feito isso, a empresa admite a possibilidade de venda da companhia. "Temos a intenção de agregar valor a empresa no primeiro momento. Porém nada que nos impede de vender a empresa futuramente", explicou o presidente. Porém, quando questionado sobre valores oferecidos, ele preferiu não comentar.

A Hypermarcas já possui um histórico de aquisições de marcas e empresas como Assolan, Monange, Risqué, Benegrip, Apracur, Doril, Lisador, Engov, Gelol, Zero-Cal, Pom Pom, Olla, Bozzano e a Neoquimica comprada no final do ano que foi avaliada no valor de R$ 1,3 bilhão (US$ 755,8 milhões). Empresas como a Novartis e farmacêuticas rivais como a GlaxoSmithKline e a Sanofi-Aventis estão avançando em segmentos como consumo e genéricos à medida em que enfrentam a maior perda de proteção de patentes da história.

Algo que já acontece fora do país. Na última sexta-feira (8) a Novartis AG anunciou que vai pagar US$ 28,1 bilhões à Nestlé SA como parte de sua prolongada tentativa de comprar a Alcon Inc., firma americana de produtos oftálmicos, na culminância da maior aquisição da história do empresariado suíço. O acordo, que começou com a Novartis comprando da Nestlé 25% da Alcon em 2008, juntamente com uma opção para comprar o restante da fatia da Nestlé, que deve custar ao grupo farmacêutico sediado em Basileia, Suíça, US$ 49,7 bilhões.

Atualmente, restam no mercado brasileiro a presença de apenas três grandes grupos nacionais: Ache, EMS e Eurofarma que não sairiam por menos de R$ 3 bilhões (US$ 1,74 bilhões). O Ache, por exemplo, estaria avaliado entre R$ 4 bilhões (US$ 2,3 bilhões) e R$ 5 bilhões (US$ 2,9 bilhões). O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), publicou que um dos destaques do ano passado foi o segmento farmacêutico com o crescimento de 7,2% no ano.