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Setor movimenta cerca de US$ 88 bilhões por ano no mundo

Valor Econômico - 11/07/2008

Em 2005, junto com dois sócios, Gustavo Simões apresentou um projeto para desenvolver pesquisas de nanotecnologia na incubadora de São Carlos, no interior de São Paulo. Da empreitada, nasceu a Nanox. Com aportes da Finep, Fapesp e CNPq, que totalizaram R$ 3 milhões (US$ 1,9 milhão), os três amigos colocaram mãos à obra. Hoje, contam com dois produtos principais. O primeiro é o Nanoxclean, um pó antimicrobiano criado para eliminar fungos e bactérias com aplicação em tecidos, calçados, carros, metais, sanitários etc. O segundo é um insumo para o setor petroquímico que tem a Petrobras como principal cliente. "O Nanobarrier é uma substância que reduz em 50% a manutenção de dutos de escoamento de petróleo, uma vez que controla o entupimento desses canais", diz Simões. A vantagem da nanotecnologia é que nem o local exigido para as pesquisas precisa ser grande. Segundo o pesquisador, é possível produzir nanomateriais em escala industrial em um laboratório com 200 metros quadrados. Companhias como a Nanox, porém, ainda são uma exceção no cenário da pesquisa no Brasil. Segundo Ronaldo Marchese, organizador da Nanotec, um evento de tecnologia cuja próxima edição está marcada para novembro, em São Paulo, o Brasil tem uma grande capacidade no setor, mas está atrasado em relação a outros países. No mundo, a nanotecnologia já movimenta cerca de US$ 88 bilhões por ano. Até 2014, a previsão é de que o mercado vai chegar a US$ 2,6 trilhões, segundo a consultoria Lux Research. No Brasil, porém, não há sequer dados de quantas empresas atuam na área. Em 2004, o governo brasileiro lançou o Programa Nacional de Nanotecnologia, com uma verba de R$ 7,5 milhões (US$ 2,6 milhões). Desde então, o orçamento cresceu cerca de 30% ao ano. Em 2007, os recursos somaram R$ 48 milhões (US$ 24,9 milhões) destinados a empresas, além de R$ 11 milhões (US$ 5,7 milhões) para universidades e centros de pesquisa. "Esse investimento ainda é pequeno em relação a países do Bric", diz Mario Norberto, coordenador geral de Micro e Nanotecnologia do Ministério da Ciência e Tecnologia. Outro impasse é a falta de um sistema internacional de padrões de medida.