27/09/10 14h38

Sofftek planeja expansão para AL

Valor Econômico – 27/09/10

Mesmo diante dos impactos da crise econômica, o mercado de serviços de tecnologia da informação (TI) teve uma expansão de 4,47% e movimentou R$ 19 bilhões (US$ 9,64 bilhões) no Brasil em 2009, segundo a consultoria IDC. No mesmo período, o setor registrou queda global de 5,3%, segundo o Gartner. Mais do que ficar restrito aos números, esses indicadores do mercado local começam a se traduzir no interesse crescente das companhias globais pelo potencial do segmento no país. Essa tendência foi reforçada com a compra recente da brasileira CPM Braxis pela francesa Capgemini, em negociação que envolveu R$ 517 milhões (US$ 295,4 milhões).

Fornecedora de serviços de TI com atuação em mais de 20 países, a Softtek segue essa mesma trilha e aponta o mercado brasileiro como um de seus pilares estratégicos, embora não revele os investimentos previstos para o país. Em 2009, a empresa cresceu 10% no Brasil e a alta projetada para 2010 é de 15%. Com uma equipe de 1,4 mil colaboradores e faturamento de US$ 98,8 milhões, a subsidiária brasileira atende a cerca de 250 clientes e responde por 28% das receitas globais da empresa. Ao superar a matriz da companhia mexicana, o Brasil é a segunda maior operação mundial e fica atrás apenas das receitas geradas pelo mercado americano.

"O Brasil é um país acolhedor. Os executivos são muito mais receptivos e o mercado se abriu para a Softtek sem saber que éramos uma empresa com presença em tantos países", diz Blanca Treviño, executiva-chefe global da Softtek. A percepção dessa abertura foi uma das primeiras impressões de Francisco Lara, hoje executivo-chefe da Softtek para a América do Sul e Caribe. Com a missão de iniciar a operação brasileira e pouco conhecimento do idioma e da cultura local, o executivo mexicano desembarcou no Rio de Janeiro em 1994 e se instalou em um flat, onde aprendeu suas primeiras palavras em português através de programas de televisão. "Comecei a fazer contatos e percebi a diferença. Eu ligava para os diretores de TI e eles me atendiam. No México, isso demorava anos", conta Lara.

Do início improvisado no quarto do flat, a Softtek Brasil evoluiu para uma estrutura com sete escritórios e um centro global de entrega. As ofertas no país envolvem desde o desenvolvimento e gestão de todo o ciclo de vida das aplicações até serviços de suporte e manutenção. O Brasil é a fonte de diversos projetos pilotos da companhia, que são replicados para outros escritórios no mundo. Entre essas iniciativas, a Softtek fechou recentemente uma parceria com a brasileira Ankyla para a oferta de serviços de consultoria. O novo segmento deve representar 15% do faturamento no Brasil em 2010, com uma participação de mercado de cerca de 4%.

A partir da consolidação da oferta no país, a perspectiva é de expandi-la para toda a América Latina e Europa. A ideia não é produzir resultados significativos com essa unidade, e sim fazer com que ela consiga gerar novos negócios para os serviços da Softtek. Com uma carteira que inclui empresas como Ambev, Lara explica que a Softtek segue no Brasil a mesma filosofia de outras subsidiárias, o que se reflete no atendimento a empresas globais com operações já firmadas ou investimentos previstos para o país, além de companhias nacionais.