21/02/14 14h14

Sustentabilidade econômico-financeira de Parques Tecnológicos

Estudo apresenta procedimentos que podem contribuir para a consolidação e desenvolvimento de parques

Agência Universitária de Notícias

Independência financeira de Organizações Gestoras de Parques Tecnológicos (OGPTs) é condição essencial para que estes ambientes de inovação atinjam sustentabilidade econômico-financeira. A partir desta premissa, obtida através de estudos de caso e de literaturas relacionados, a Superintendente de Desenvolvimento Tecnológico, Inovação e Fomento a TI, Aline Figlioli, desenvolveu sua tese de doutorado na qual aponta diretrizes e funcionalidades essenciais para este fim.

Em evento realizado pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), a pesquisadora apresentou um panorama geral dos parques, e salientou alguns pontos chave, dentre os quais é possível destacar a condição essencial para a existência de parques tecnológicos, que reside na geração de serviços voltados à inovação e transferência de conhecimento. Em seguida, abordou a questão do aproveitamento do potencial regional e enfatizou que parques não são empreendimentos ideais para todas as regiões. Também destacou a necessidade inicial do voluntarismo, seja de prefeituras, universidades ou empreendedores interessados em dispensar grandes investimentos para desenvolvê-los.

Contudo, foi dado destaque especial para o trabalho das organizações gestoras. Segundo o estudo, a atividade destas organizações deve ser profissional e especializada, uma vez que parques tecnológicos são negócios, e deve atuar de forma independente, com recursos próprios para que não dependa de receitas provenientes de instâncias governamentais, já que estes aportes não são perenes.

Segundo Aline, o Brasil conta com aproximadamente 94 parques tecnológicos. Contudo, alguns interromperam suas atividades devido a dependência que as OGPTs tinham de recursos públicos. Com as mudanças de governo, as receitas foram diminuindo e os parques paralisaram as atividades.

Para que estas instâncias de gerenciamento tenham receitas, Aline defende que a área em que se instalam seja própria, e também que tenham prédios para alugarem às empresas, desta forma terão fontes de receitas não vinculadas a projetos e nem a governos, uma vez que estas vias de obtenção de recursos financeiros não são frequentes. 

Impactos regionais inerentes aos Parques tecnológicos Aline destaca que “os parques tecnológicos são mecanismos de desenvolvimento regional de alta complexidade de gestão e que requerem investimentos de grande monta”. Neste sentido, há a necessidade de empreendedores dispostos a investir no projeto de criação, mas também é necessário o envolvimento dos governos, em âmbito municipal, estadual e federal.

Os municípios realizam a regulamentação de uso e ocupação do solo e concedem incentivos fiscais. Já os governos estadual e federal entrariam com investimentos para consolidação e desenvolvimento inicial dos parques. As três esferas devem estar envolvidas devido às mudanças de governo que podem comprometer a honra de compromissos firmados por gestões anteriores.

A contrapartida dos investimentos públicos é fornecida pelo desenvolvimento regional proporcionado pelos parques, que aumentam a demanda de mão de obra especializada e reduzem os custos com programas sociais. Também há a arrecadação tributária gerada por suas atividades, assim como o transbordo de resultados internos que beneficiam a região por demandar mais escolas, trabalhadoras domésticas, entre outros.

A pesquisadora também destacou que “os parques tecnológicos tem como um dos seus principais objetivos a transferência de tecnologia”. Para tanto, aproveitam o potencial da região em que se instalam e direcionam suas atividades de acordo com o segmento industrial instalado, desde que estes sejam passíveis de transferência de tecnologia. Desta forma, os avanços oriundos de pesquisas direcionadas ao desenvolvimento tecnológico não se restringem às empresas do interior dos parques, mas beneficiam todas as demais instaladas na região.