29/10/08 17h54

Syngenta produzirá mudas de cana no país

Valor Econômico 29/10/2008

A anglo-suíça Syngenta, uma das maiores empresas de defensivos agrícolas e sementes do mundo, vai estrear na produção de mudas para cana-de-açúcar no Brasil. No país, onde a empresa faturou US$ 1,1 bilhão em 2007, o segmento deverá responder, em 2015, por uma receita anual da ordem de US$ 300 milhões. O projeto, iniciado há dois anos, consumirá investimento de US$ 100 milhões até 2010. O valor contempla uma unidade de produção de mudas no interior de São Paulo, em local ainda a ser definido. Outras três unidades estão incluídas na programação de investimentos. Ao menos uma delas deverá ser levantada no Centro-Oeste. Não serão produzidas as mudas tradicionais, de até um metro de comprimento, mas pequenas mudas de 3 centímetros de altura, batizadas de Plene. Elas serão apresentadas hoje a um grupo de usinas de açúcar e álcool - no total, até 2009, os 50 maiores grupos do setor sucroalcooleiro deverão "testar" a tecnologia. Nessa fase, o desembolso será da Syngenta, já que a comercialização ocorrerá a partir de 2010. O plantio deverá ser feito em uma área estimada em 3 mil hectares no total. A idéia é que essas áreas sejam das próprias usinas, para que elas possam acompanhar o desenvolvimento das plantas em seus próprios canaviais. Mas todo o processo de desenvolvimento ficará a cargo da Syngenta. O investimento já foi aprovado pela matriz da empresa anglo-suíça e será todo feito com recursos próprios, de acordo com Antonio Carlos Motta Guimarães, presidente da Syngenta para a América Latina. Isso ajuda a evitar que o atual cenário de aperto de crédito inviabilize o projeto. Os estudos prévios da Syngenta apontaram aumento de produtividade de 5% a 15% por hectare com o uso da "mini-muda". Os custos de produção, segundo a empresa, são 15% menores. No plantio manual, o custo é de US$ 2.250 por hectare e no mecanizado, de US$ 2.100 por hectare. Uma característica dos canaviais é a necessidade de renovação. A cada quatro ou cinco cortes consecutivos, a taxa de renovação fica entre 15 a 20% da área total cultivada, e isso exige grande produção de novas mudas. A área para esse fim costuma ocupar 5% das propriedades. Essas áreas reservadas à produção de mudas podem ser convertidas para a produção comercial, argumenta o executivo.