09/11/10 10h01

Tanquinho ainda anima Latina

Valor Econômico

As brasileiras estão cada vez mais empenhadas em não torcer roupa. Nos primeiros nove meses do ano, enquanto as vendas de lavadoras automáticas aumentaram 1,5% em volume sobre o mesmo período de 2009 - quando a categoria foi especialmente beneficiada pela redução do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) -, a demanda pelas lavadoras semiautomáticas (chamadas de "tanquinhos", que não centrifugam a roupa) despencou 15%, segundo a GfK.

"Desde o ano passado, há uma migração do 'tanquinho' para as lavadoras automáticas", diz o consultor da GfK, Oliver Römerscheidt. A mudança, segundo ele, é explicada pela significativa redução de preços das lavadoras automáticas. "Há bem pouco tempo, era difícil encontrar uma lavadora automática por menos de R$ 1 mil (US$ 588,2)", diz. Hoje, os modelos mais acessíveis de lavadoras automáticas custam em torno de R$ 700 (US$ 411,8), contra "tanquinhos" que podem chegar a R$ 400 (US$ 235,3).

"É um produto que tende a desaparecer um dia", vaticina Valdemir Dantas, presidente da fabricante de eletrodomésticos Latina. O curioso é que, mesmo com essa perspectiva, a Latina está reforçando a aposta nos "tanquinhos": a empresa acaba de investir R$ 3,5 milhões (US$ 2,1 milhões) para adaptar a produção da sua linha de semiautomáticas para nove quilos de capacidade. Os três modelos que a Latina produzia até então tinham oito quilos.

"O mercado pode estar desacelerando, mas há uma leva de consumidores da base da pirâmide que lava roupas à mão, para quem o 'tanquinho' ainda é objeto de desejo", diz Dantas, que acredita em mais uma década de espaço para explorar o segmento. A mudança na linha de produção da Latina, segundo ele, foi feita para atender melhor a consumidora, que já havia deixado claro em pesquisas realizadas pela empresa que precisa de uma máquina com maior capacidade para lavar peças pesadas, como cobertores e tapetes.

O movimento em torno dos "tanquinhos" mais "potentes" foi iniciado, na verdade com a Colormaq, que tem fábrica em Araçatuba, no interior paulista. É a busca de diferencial, em um mercado em que a maioria das semiautomáticas tem entre cinco e seis quilos. As máquinas semiautomáticas significam hoje 45% do faturamento da Latina, que deve ser de R$ 160 milhões (US$ 94,1 milhões) este ano. A empresa, com fábricas em São Carlos (SP) e Recife (PE), vem apostando em produtos mais sofisticados, como purificador de água e ventilador de teto.