21/07/15 14h54

TCL vai lançar marca própria no Brasil e planeja instalar fábrica

Valor Econômico

Quatro anos depois de começar a estudar a ampliação de sua atuação no mercado brasileiro, a fabricante chinesa de eletrônicos TCL vai colocar a estratégia em prática. Até o fim do ano, a companhia começa a vender produtos com sua própria marca, fabricados localmente. "Queremos não só chegar, mas ser líderes do mercado local", disse ao Valor, Kevin Wang, vice-presidente da TCL Multimedia e responsável pelos negócios da companhia fora da China.

Segundo o executivo, o objetivo é explorar o segmento de produtos mais caros, com tecnologias como conexão à internet (smart TVs) e telas curvas. Essa faixa de produtos é dominada no Brasil por Samsung, LG e Sony - mesmas marcas que a TCL enfrenta em âmbito global. Ao se focar no segmento de produtos mais caros, a companhia quer fugir da percepção que os consumidores têm com relação aos fabricantes chineses: produtos baratos de baixa qualidade. "Isso acontecia há dez anos, quando as empresas chinesas só tinham o preço para competir. Hoje, temos muita tecnologia", disse Wang.

O Brasil não é exatamente uma novidade para a TCL. A empresa já atua no país com sua marca de celulares, a Alcatel One Touch (que não tem nada a ver com a francesa Alcatel, comprada pela finlandesa Nokia) e tem acordos com fabricantes locais, como a Britania, dona da Philco. Nesse caso, as companhias compram os produtos da TCL, mas os vendem com suas próprias marcas.

O investimento no Brasil não deve criar problemas na relação com esses parceiros porque a TCL vai atuar em um segmento de mercado diferente. "Se eu fosse vender na mesma faixa que eles, seria competição. Mas não é isso que vai acontecer. Além disso, quanto mais a TCL conhecer do mercado, mais eu posso ajudá-los a crescer", disse o executivo.

No momento, a TCL está em conversas com parceiros para fabricar seus produtos localmente e também com varejistas. Os acordos precisam ser fechados até agosto para ter produtos no varejo em tempo das compras de fim de ano. Yue Haiping, gerente-geral da operação da TCL no Brasil, disse que o foco são varejistas especializados em produtos mais caros, como Fnac e Fast Shop. "Não queremos vender 1 milhão de unidades de cara. Queremos fazer uma estratégia de longo prazo, com visão de cinco a dez anos", disse.

Nesse período, a empresa pretende montar sua própria fábrica no país. "Para crescer e ter competividade, é preciso controlar a cadeia de suprimento, que tem muitas pontas", disse o gerente-geral. Segundo ele, não está descartada uma aquisição no Brasil para acelerar o processo de expansão. "Estamos avaliando algumas oportunidades", disse ele.

Além das TVs, a TCL pode começar a vender no Brasil até o fim do ano também aparelhos de ar condicionado com marca própria. Mas, segundo Wang, é mais certo pensar nisso para 2016.

Em 2014, a TCL teve receita de vendas de US$ 16 bilhões em todo o mundo, alta de 16,5% em relação a 2013. O lucro líquido avançou 47%, para US$ 690 milhões. A companhia começou seu processo de internacionalização há dez anos e hoje as vendas fora da China já representam 48% do total. Em TVs, o percentual chega a 50% e a expectativa é que cresça mais neste ano, disse Wang.