18/12/09 12h34

Total terá estratégia agressiva no Brasil

Valor Econômico

A decisão do governo de adotar a partilha de produção no setor de petróleo brasileiro, dando o controle de todos os projetos para a Petrobras, ainda não tirou o interesse de empresas estrangeiras pelo país. Esse é pelo menos o caso da francesa Total, cujo diretor-geral, Patrick Pluen, aguarda a 11ª Rodada de Licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP). O leilão foi adiado para o início de 2010 devido a dificuldades de obtenção, pelo Governo Federal, de licenças ambientais. Pluen diz que, a princípio, também se interessa pelos projetos de partilha, sob os quais a empresa opera em países da África, como Angola e Nigéria.

"A preocupação é que sejam feitos leilões para a empresa ter oportunidades de crescimento, seja fora da área do pré-sal ou futuros leilões que vão incluir áreas de dentro e fora do pré-sal. Vamos olhar tudo. Entendo que o próximo leilão (da ANP) será em 2010 e já estamos estudando", afirma o executivo.

Com faturamento de € 179 bilhões em 2008, lucro operacional de € 13,9 bilhões, produção de 2,34 milhões de barris e operando em 40 países, a Total tem intenção de crescer mais no Brasil, onde tem pouca atividade de exploração e produção apesar de ser a segunda maior produtora de gás da Argentina e sócia da Petrobras nos campos de San Alberto e San Antonio na Bolívia. A empresa também é detendora de gasodutos no Cone Sul, tendo 9,74% do Gasbol.

Em recente entrevista à Bloomberg em Paris, o diretor de exploração e e produção da companhia, Yves-Louis Darricarrere, disse que a empresa planeja investimentos de US$ 18 bilhões por ano nos próximos anos e gostaria de parcerias com a Petrobras, nova "darling" do mercado desde a descoberta do campo de Tupi. "As descobertas no Brasil vão precisar de financiamento e grandes conhecimentos técnicos e o montante dos recursos a ser empregado vai abrir a porta para companhias de petróleo internacionais". disse o executivo.

A Total tem quase 3 mil funcionários no Brasil, espalhados por São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, a maior parte em empresas da área química de especialidades, como define Pluen. Entre as controladas da francesa estão a Hutchinson, que produz borrachas para automóveis e aviação e que abastece o Brasil, Argentina e até o México. A Total tem ainda a Bostik Findley (fabricante de adesivos), a Cray Valley (resinas especiais), a Atotech e a Mucambo/Mapaspontex, que fabrica luvas cirúrgicas em Ilhéus (BA) e tem uma linha de produtos infantis como bicos e mamadeiras. A empresa também produz lubrificantes das marcas Total e Elf.