17/07/09 10h57

Trem-bala terá custo de US$ 17,9 bilhões e tarifa de US$ 104 no trecho Rio-SP

Valor Econômico

O primeiro trem de alta velocidade (TAV) no Brasil deverá ligar São Paulo ao Rio de Janeiro em 94 minutos. No serviço expresso entre as duas maiores cidades do país, haverá 14 trens circulando em 2014, com saídas a cada 20 minutos. Cada composição terá duas classes, com 458 passageiros no total, e tarifas entre R$ 200 (US$ 104) (classe econômica) e R$ 325 (US$ 168) (executiva), nos horários de pico. No trajeto São Paulo e Campinas, o tempo de viagem será de 42 minutos e a tarifa, em classe única, em R$ 31,20 (US$ 16). As informações fazem parte do estudo preparado pela consultoria britânica Halcrow, revisado pelo Ministério dos Transportes. O governo abrirá uma consulta pública para receber sugestões, antes de elaborar o edital do projeto, que deve ir a leilão no início de 2010.

Estimado no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em US$ 11 bilhões, o trem-bala sairá por valor bem mais alto: R$ 34,6 bilhões (US$ 17,9 bilhões), segundo o estudo - sete vezes o orçamento da transposição do São Francisco, projeto mais caro do PAC exclusivamente com recursos públicos. O trem será construído e operado pela iniciativa privada, mas o governo concluiu que não há como sustentar o empreendimento sem algum tipo de subsídio, seja por meio de recursos do Tesouro, seja por financiamento do BNDES, e participação acionária de fundos de pensão. Estão sendo finalizados estudos para avaliar o tamanho da subvenção.

De qualquer forma, como 71% do investimento é em obras civis, o governo espera diminuir os custos do trem-bala com aperfeiçoamentos no traçado. Avalia-se que é possível otimizar o trajeto em três áreas: a saída do Rio (até o município de Duque de Caxias), a Serra das Araras e o Vale do Paraíba (especialmente nas proximidades de Taubaté).

Nas projeções da Halcrow, a demanda do trem-bala alcançará 7 milhões de passageiros por ano no serviço expresso (Rio-São Paulo e Rio-Campinas), sem paradas intermediárias. Os serviços regionais terão demanda inicial de 25,5 milhões de passageiros/ano. Curiosamente, o maior fluxo não será entre as duas maiores cidades do país, mas nas ligações São Paulo-Campinas e São Paulo-São José dos Campos, cujo movimento chegará a 20,6 milhões de passageiros/ano.

Grupos japoneses, coreanos, alemães, franceses, italianos, espanhóis e chineses já demonstraram interesse em participar da licitação. O estudo da Halcrow menciona cifras bilionárias para atrair a futura concessionária - a previsão é de as receitas anuais de R$ 2,3 bilhões (US$ 1,2 bilhão) em 2014.