05/07/13 15h17

Uma nova opção para cientistas brasileiros

Brasil Econômico

Antes restritos ao universo acadêmico, esses profissionais passam a ser disputados pelos centros de pesquisa e desenvolvimento que as multinacionais estão abrindo por aqui


Um número cada vez maior de centros de pesquisa e desenvolvimento de multinacionais no país aquece o mercado de trabalho para profissionais que antes tinham como única opção a vida acadêmica. “É uma opção a mais para o planejamento de carreira. Hoje o pesquisador tem cada vez mais alternativas fora da universidade”, afirma Carlos Calmanovici, presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei).


“Temos bons pesquisadores. Nossas universidades formam profissionais em nível bastante adequado. Falta uma dimensão mais empreendedora, com perspectiva de mercado, e esses centros multinacionais trazem essa dinâmica, de profissionais formados comesse viés”, argumenta. “Além disso, a presença desses centros de desenvolvimento promove desdobramentos no ambiente econômico do país, trazendo uma dinâmica muito positiva para a economia de modo geral”, afirma, acrescentando que as multinacionais também se beneficiam.


“Quando mais próxima a área de pesquisa e desenvolvimento de uma multinacional estiver do mercado onde ela atua, maiores são suas chances de sucesso naquela região”.


Nos últimos anos, o Brasil se tornou um pólo de atração de P&D. Um dos mais recentes é o da suíça Clariant que inaugurou na semana passada, em Suzano (SP), um laboratório de pesquisas e desenvolvimento de catalisadores para as indústrias química e de petróleo e gás. No ano passado, no Rio de Janeiro, a multinacional já tinha dado início às atividades de um centro tecnológico de desenvolvimento de produtos químicos para a indústria do petróleo, principalmente para o segmento de águas profundas e pré-sal. A unidade carioca, primeira deste porte na América Latina, atua em sintonia com os outros centros de excelência nos Estados Unidos, no Reino Unido e na Alemanha, e com o laboratório de testes ambientais na Noruega.


“Atuamos no Brasil há muitos anos. Temos uma presença forte em vários segmentos nas indústrias química e, principalmente, em toda a cadeia produtiva de Óleo & Gás do Brasil, desde a exploração e produção ao refino. A nossa perspectiva de crescimento no país está relacionada com a projeção de incremento do mercado de petróleo e gás natural, que vai mais do que dobrar o volume da produção e da demanda destes insumos no país até o final desta década”, diz Carlos Tooge, vice-presidente da unidade de negócios Oil & Mining Services Vice President—Latin America para a América Latina da Clariant.


Já a alemã SAP possui dois centros de inovação do Brasil. O Co-Innovation Lab (Coil), em São Paulo, e o SAP Labs, em São Leopoldo, na Grande Porto Alegre (RS). O laboratório no Brasil, que está sendo duplicado com investimentos de R$ 50 milhões, é um dos 15 mantidos pela companhia em todo o mundo.


O centro de pesquisada francesa L'Oréal no Brasil segue a todo vapor e deve ser inauguradoem2015, No Rio de Janeiro. Com investimentos de R$ 70 milhões, este será o sexto laboratório do grupo no mundo.


O novo centro de Pesquisa & Inovação permitirá intensificar o desenvolvimento de produtos inovadores adaptados ao mercado brasileiro e latino americano, mas também com potencial de comercialização em outros países do mundo.


Outra multinacional que está abrindo uma unidade de pesquisa e desenvolvimento no Brasil é a americana Boeing. Instalado no Parque Tecnológico de São José dos Campos(SP), o Centro de Pesquisa e Tecnologia da empresa no Brasil é o sexto centro de pesquisa avançada da companhia fora dos Estados Unidos. “Esperamos inaugurar a nova unidade em novembro”, conta Al Bryant, vice-presidente de Pesquisa e Tecnologia da Boeing - Brasil.