22/09/10 14h49

Umoe vê bonança depois da tempestade e volta a investir

Valor Econômico – 22/09/10

Após pesquisar a viabilidade de produzir combustíveis renováveis na Europa, nos EUA, em Moçambique e no Brasil, o fundador da norueguesa Umoe Group, Jens Ulltveit-Moe, decidiu que seria em terras brasileiras sua primeira e maior tacada neste segmento. O plano era investir com recursos próprios um terço do necessário para o projeto. Os dois terços restantes seriam financiados por bancos. Mas o curso dessa história, conta Ulltveit-Moe, foi mudada pela crise.

"Começamos com grande esperança e também muito mal", afirma Ulltveit-Moe, fundador da Umoe Bioenergy, que hoje tem duas usinas de etanol no Estado de São Paulo. O ano era 2007. Naquele momento, 25 usinas sucroalcooleiras novas estavam para ser inauguradas e outras 35 eram previstas para 2008. Os preços do álcool no Brasil vinham de forte alta e o mundo voltava-se para a ambiciosa política de etanol americana, que prometia mudar os paradigmas de remuneração ao setor. Os investimentos começaram e, em seguida, a turbulência financeira chegou. O empréstimo previsto de dois terços do valor do projeto não aconteceu.

A decisão se tornava mais difícil porque, além do contexto financeiro negativo, naquele momento a usina estava operacionalmente ruim, com pequenos problemas iniciais, conta o empresário. "Perdemos muito dinheiro. Mas, decidi ir em frente e eu estou satisfeito". Assim, a Umoe fez com capital próprio os investimentos que faltavam para por de pé suas duas usinas no Pontal do Paranapanema (SP) que, juntas, processam 2,6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar e produzem 220 milhões de litros. Do lado mercadológico, a estratégia foi associar-se à Copersucar - recentemente, foi uma das sócias a ter aprovação da agência de proteção ambiental americana (EPA) para exportar aos EUA.

Depois de toda a tempestade, a Umoe voltou a investir com ímpeto e iniciou dois projetos que vão demandar mais R$ 300 milhões (US$ 171,4 milhões). Um deles é o de ampliar em mais 1 milhão de toneladas a capacidade de uma das usinas, o que elevará para 3,6 milhões de toneladas a capacidade de processamento do grupo. O outro é o de cogeração com bagaço de cana para produzir 35 megawatts (MW). Quando todos esses projetos estiverem concluídos, a Umoe Bioenergy terá investido no Brasil R$ 700 milhões (US$ 400 milhões). Ao final desse processo, o empresário espera que suas unidades estejam altamente rentáveis.

Em cinco anos, o executivo quer contar outra história. Ele antevê que a promessa das energias renováveis, enfim, chegará, em forma de preços altamente remuneradores, puxados por um petróleo mais caro. "Neste momento, o Brasil ganhará mercado e nós estaremos aqui moendo 5,6 milhões de toneladas", profetiza o executivo.