14/05/21 12h16

Unitau participa de pesquisa internacional sobre alterações climáticas na Amazônia

O Vale

Uma parceria entre a Unitau (Universidade de Taubaté) e a Universidade de Manchester (Reino Unido) vai permitir o desenvolvimento de uma pesquisa sobre as alterações climáticas na Amazônia e sua relação com o transporte de umidade para a região sul e sudeste do continente sul-americano por meio dos chamados “rios aéreos”. 

A proposta de pesquisa foi aprovada em fevereiro deste ano e também vai contar com a participação de pesquisadores do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e da UEA (Universidade do Estado do Amazonas). Pelo lado britânico, além da Universidade de Manchester, haverá o envolvimento do UK Met Office (Serviço Meteorológico Britânico, responsável pela previsão do tempo e clima). O projeto de pesquisa está em fase de implementação e deve ser executado em quatro anos. 

O financiamento virá do Nerc (Natural Environmental Research Council), uma agência de fomento na área científica do Reino Unido. O valor dessa pesquisa é da ordem de 1 milhão de libras esterlinas, correspondendo a quase R$ 7 milhões. 

Na linha de frente dos estudos por parte da Unitau está o Prof. Dr. Gilberto Fisch, meteorologista de formação, com 40 anos de experiência e boa parte deles dedicada a temas relativos à Amazônia. Fisch integra a equipe de docentes dos programas de Mestrado acadêmico e profissional em Ciências Ambientais da Unitau, sendo que sua área de atuação é em ciências atmosféricas e mudanças climáticas. 

“Vamos estudar como ocorre o desmatamento na região amazônica, as interferências que isso provoca no clima local, regional e global. Também queremos observar os efeitos desse impacto nos ‘rios aéreos’, que são responsáveis pelo transporte de umidade da Amazônia, e sua influência no ciclo hidrológico da região do Vale do Paraíba”, disse o professor. 

“Rios aéreos” ou “rios voadores” são enormes massas de água originadas por um processo denominado evapotranspiração e que circulam a partir da Amazônia com dispersão concentrada nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e o Sul do Brasil. Toda essa água proveniente das chuvas é bombeada pelas árvores da Floresta Amazônica e retorna para a atmosfera em forma de umidade. 

Para o pesquisador, as consequências dos avanços nos processos de desmatamento da Amazônia ultrapassam as fronteiras locais e trazem impactos diretos ao continente. 

Segundo Fisch, a pesquisa vai contar com a coleta de dados, análise de imagens de satélites e a projeção de cenários climáticos de médio e longo prazos por meio de modelagens atmosféricas. 

“Por meio do BAM (modelo atmosférico brasileiro), criado no Cptec-Inpe (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), avalio a influência do aumento da temperatura global, bem como o processo de conversão da floresta em pasto, a fim de observar quais são os efeitos no clima da América do Sul. Uma simulação importante é quando chegamos a um índice de desmatamento de 40%, que é denominado tipping point (ponto de inflexão). A partir daí, não é mais possível uma recuperação natural da floresta e seus efeitos passam a ser mais significativos”, disse Murilo Ruv, ex-aluno do professor Fisch e que integra a pesquisa por parte do Inpe. 

A recente reunião “Cúpula do clima”, realizada no final de abril de 2021, discutiu exatamente este ponto, e os líderes mundiais apresentaram seus esforços para isso. 

fonte: https://www.ovale.com.br/_conteudo/nossa_regiao/2021/05/126525-unitau-participa-de-pesquisa-internacional-sobre-alteracoes-climaticas-na-amazonia.html