19/10/18 11h46

USCS identifica na região potencial para novo aeroporto

Repórter Diário

A criação de um curso de Ciências Aeronáuticas na USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) e a instalação da fábrica da SAAB em São Bernardo, para a fabricação de partes do caça da empresa sueca, abrem novas possibilidades de desenvolvimento do setor aeronáutico no ABC, que reaviva a proposta da região receber um aeroporto de cargas e passageiros, e desafogar o Aeroporto Internacional de Guarulhos e o de Congonhas, na Capital. O programa, chamado inicialmente de Projeto ABCD-Aviação, envolveria a criação de um fórum para debater o assunto, com envolvimento de empresas, prefeituras e a sociedade civil.

A proposta é do professor Volnei Aparecido de Gouveia, que expôs o projeto Conceito de Aeroportos, Desenvolvimento e ABC: Modelos Passíveis de Adoção e Proposta de Agenda, durante apresentação da nova Carta de Conjuntura da USCS, em que relata os modelos de aeroportos pelo mundo e o potencial econômico da região que daria suporte a novo empreendimento. “O ABC apresenta vantagens econômicas e sociais relevantes que viabilizam sua implantação”, comenta o docente, gestor do novo curso da USCS, com início em 2019.

O ex-prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), que participou da negociação para a instalação da SAAB na região, chegou apresentar projeto ao governo federal para instalação de um aeroporto no entroncamento do Rodoanel com a rodovia dos Imigrantes, mas não avançou. “Esse é um projeto que já foi discutido antes, mas que não avançou”, conta o professor, ao defender que primeiro é preciso discutir o modelo a ser implantado.

Baseado em três modelos de aeroportos – cidade, indústria, aerotrópolis e corredor -, Gouveia cita que a região precisa discutir amplamente qual se adaptaria melhor à região. O aeroporto-cidade é o que conhecemos, como o de Guarulhos, que conta com empreendimentos imobiliários no entorno; o aeroporto-indústria operariam em zonas aduaneiras com regimes tributários especiais e seria voltado a importações e exportações; o aerotrópolis, teria um empreendimento imobiliário privado no entorno; e o corredor-aeroporto teria infraestrutura desenvolvida entre a cidade e o aeroporto com planejamento público e privado e com a participação de diversos atores políticos e autoridades territoriais. “A meu ver, três destes modelos, exceto o aerotrópolis, podem ser implantados no ABC, que tem forte vocação industrial”, analisa o professor.

O fórum a ser constituído iniciaria os estudos, definiria o modelo e o local a ser implantado, e ainda o potencial de movimento deste empreendimento, que teria grande importância econômica para o ABC. O professor diz que aeroporto não existe apenas em função da cidade, mas para contribuir atividade econômica importante. “Estamos com novos movimentos aeronáuticos no ABC, como a empresa SAAB, que está com a nova fabricante de partes dos caças na empresa em São Bernardo e a USCS está lançando o curso de Ciências Aeronáuticas”, diz.

Para o professor, os obstáculos urbanos de toda a região metropolitana serão alguns meios estruturantes para atrair o investimento para a região, no tocante às rodovias que interligam com o Porto de Santos, como o Rodoanel, a Imigrantes e a via Anchieta. “Pelo fato de contarmos com estrutura urbana diversificada, que equilibra com o acesso ao porto de Santos, as rodovias se constituem formas de conectividade que viabilizariam um aeroporto. Essa é uma vantagem competitiva, a próxima etapa é fazer o mapeamento de área. Uma alternativa seria considerar grandes áreas industriais atualmente abandonadas ou ociosas”, explica. Gouveia diz que ainda não tem como estimar o custo da implantação de um empreendimento do porte antes da definição do modelo a ser adotado.

Em nota a prefeitura de São Bernardo praticamente sepulta o projeto do ex-prefeito. “A Prefeitura de São Bernardo informa que antes de iniciar qualquer obra nova, a atual gestão se pautou, com muita responsabilidade pelo dinheiro público, por uma política de austeridade econômica para que fosse possível retomar as 28 obras deixadas pelo governo anterior”.