18/10/08 14h02

Vale anuncia investimento recorde em 2009

Folha de S. Paulo – 18/10/2008

Dinheiro em caixa e certeza de financiamentos possibilitaram à Vale, em plena crise econômica mundial, programar um investimento recorde para o ano que vem e pensar em novas aquisições, afirmou ontem Roger Agnelli, presidente da mineradora, que teve quedas expressivas nos preços de suas ações nos últimos meses. A Vale anunciou investimentos de US$ 14,2 bilhões em 2009. O resultado representa um aumento de 29% em relação aos investimentos de US$ 11 bilhões previstos para este ano. "A Vale se diversificou, em termos de produtos. A Vale se capitalizou [com uma recente emissão de ações]. A Vale tem todos os financiamentos necessários aos seus projetos", afirmou Agnelli. "Então, nós estamos absolutamente prontos para tirar vantagem ou aproveitar as oportunidades que possam [se] oferecer pela frente." Os investimentos para 2009 serão alocados no Brasil, no Canadá, em Moçambique, em Omã, na Austrália, na Indonésia e no Peru. O Brasil ficará com 69,8% dos recursos, ou US$ 9,9 bilhões. O maior volume de investimentos será destinado a Carajás: US$ 798 milhões. A empresa deve investir em novas minas, plantas de processamento e infra-estrutura de logística na mina. Agnelli falou durante o lançamento do Estação Conhecimento, programa que promete dar treinamento esportivo e escolar para jovens das áreas onde a Vale atua e que teve sua primeira unidade inaugurada ontem, em Tucumã (PA). Na mesma região, a empresa foi acusada pelo Incra (Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária) e por moradores de invadir terrenos destinados à reforma agrária para construir o projeto de níquel Onça Puma. A mineradora nega que exista relação entre a inauguração e a polêmica. Segundo Agnelli, o investimento de US$ 14,2 bilhões segue um plano pensado anteriormente, e que será seguido agora com "tranqüilidade" e "serenidade". Mesmo considerando a crise "profunda, dura, fortíssima", capaz de gerar efeitos reais a "curto prazo", ele brincou com a situação, dizendo que, se fosse seguir o pessimismo que se alastrou nas últimas semanas, "nem saía na rua".