18/01/10 10h33

Vale se prepara para dominar mercado de fertilizante no País

DCI

A Vale está prestes a se firmar como a maior produtora brasileira de fertilizantes e tornar o insumo o terceiro produto no seu portfólio de negócios. A consolidação da companhia como gigante desse setor deve se dar por meio da compra de ativos da Bunge no segmento de adubos, o que pode ocorrer já nos próximos dias. O acordo avaliado pela própria Vale em até US$ 3,8 bilhões inclui a participação de 42,3% da Fosfertil. "O portfólio total de ativos compreende minas de rocha fosfática e unidades de produção de fertilizantes intermediários com base em fósforo (fosfatados) e nitrogênio (nitrato de amônio e ureia)", afirmou Fabio de Oliveira Barbosa, diretor executivo de Relações com Investidores da Vale, em comunicado ao mercado.

A compra da Fosfertil seria uma retomada do controle da empresa que já pertenceu à Vale. Em 2003, a mineradora vendeu a sua participação na companhia para a Bunge. A negociação com a multinacional norte-americana ocorre após a empresa investir US$ 850 milhões no último ano com a compra de ativos de potássio na Argentina e Canadá e de analisar a compra da Mosaic, controlada da Cargill, e da Cibrafértil, do grupo Paranapanema.

Os planos já divulgados pela Vale para o setor apontavam para uma produção de rocha fosfática de 6,6 milhões de toneladas até 2014. Se confirmada a aquisição dos ativos, esses 6,6 milhões de toneladas se somariam às 11 milhões de toneladas produzidas atualmente pela Fosfertil.

No Brasil, a Vale já explora potássio na mina de Taquari-Vasssouras, em Sergipe. Nos nove primeiros meses de 2009, a produção local cresceu 5,1%, alcançando 531 mil toneladas. No exterior, a companhia começa a explorar em julho uma mina de fosfato em Bayóvar, no norte do Peru, na qual projeta-se uma produção de 3,9 milhões de toneladas.

A retomada do controle da maior produtora de fertilizantes do Brasil é estratégica não só para a Vale como para o País e deve ser incentivada pelo governo, que busca a autossuficiência em adubos - hoje, o Brasil importa cerca de 80% da sua necessidade. No ano passado, a empresa foi pressionada pelo governo a apresentar um cronograma de exploração de jazidas de fertilizantes. A movimentação da companhia para ampliar sua participação no segmento e aumentar a produção de adubos no País deve repercutir no novo marco regulatório, que deverá ser apresentado em março. O objetivo do marco é estimular a produção de fertilizantes no Brasil e obter a autossuficiência nos próximos dez anos.

O mercado também deve estimular o aumento da produção. "Após um ano inteiro de queda, os preços voltaram a subir em janeiro e o mercado internacional começa a reagir", disse Rafael de Lima Filho, da Scot Consultoria.