14/08/09 09h41

Valorização do real eleva lucro de empresas

O Estado de S. Paulo

Empresas brasileiras que amargaram prejuízos bilionários no final do ano passado, quando a subida do dólar fez explodir suas dívidas em moeda estrangeira, estão vendo o jogo se inverter nos últimos meses. Com a valorização do real frente à moeda americana - de cerca de apenas 15% no segundo trimestre deste ano -, elas voltaram a apresentar lucros gordos em seus balanços. Braskem, Aracruz, Usiminas, Votorantim Celulose e Papel (VCP), Klabin e Gol são algumas das companhias que mostraram bom desempenho graças ao efeito cambial.

Na petroquímica Braskem, por exemplo, o lucro líquido no segundo trimestre chegou a R$ 1,156 bilhão (US$ 608,4 milhões), em boa parte impulsionado pelo câmbio. Segundo analistas, as empresas estão recuperando parte do prejuízo sofrido no pior período da crise - em dezembro, o dólar chegou a R$ 2,50. "Há uma descompressão dos resultados", afirma o economista Fábio Silveira, da RC Consultores. A Braskem havia registrado perdas de R$ 2,14 bilhões (US$ 1,17 bilhão) no quarto trimestre de 2008.

A redução do endividamento, porém, foi apenas um alívio no resultado das empresas. Isso porque boa parte delas continua sofrendo com outros efeitos da crise, como a redução da demanda mundial. A própria desvalorização do dólar também teve seu lado negativo, na medida em que reduziu as receitas com as vendas externas.

A Usiminas é um exemplo desse descompasso. "Não estamos satisfeitos com a qualidade da recuperação, ela é muito mais financeira do que operacional", resumiu o presidente da Usiminas, Marco A. Castello Branco, ao comentar os resultados da companhia, no final de julho. Para o analista de investimentos da Spinelli Corretora, Jayme Alves, as empresas não podem contar com a "ajudinha" do câmbio em seus próximos resultados. "Pode haver algum ganho no terceiro trimestre, porque o dólar continuou caindo depois de junho. Mas (a desvalorização) é um movimento temporário."