18/12/09 12h33

Varejo da madrugada atrai até multinacional

Valor Econômico

Na rua São Caetano, zona central de São Paulo, o movimento é intenso. São apenas duas da manhã de quinta-feira, dia 17. Ônibus enfileiram-se rumo à rua Monsenhor de Andrade. Bancas à mercê do sereno estão repletas de vestidos pendurados em cabides, iluminados por lâmpadas que se equilibram por um fio. O cheiro de milho verde e de churrasquinho se mistura ao funk e ao samba que vêm dos CDs piratas dos camelôs. Os ambulantes da rua Monsenhor de Andrade, onde funciona a tradicional "Feirinha da Madrugada", no bairro do Brás, disputam consumidores com os ex-camelôs, que se tornaram comerciantes legalizados e com banca fixa no Shopping Popular da Madrugada, na mesma rua.

O Shopping Popular da Madrugada deve atingir seu pico de vendas e de público neste sábado, último antes do Natal, quando são esperadas 80 mil pessoas. Com roupas baratas, acessórios e artigos eletrônicos, seu grande trunfo é contar com estacionamento para ônibus - as 240 vagas originais foram ampliadas para 390, tendo em vista o aumento da procura. Também foram criadas 100 vagas para vans. Quem administra o espaço de 140 mil metros quadrados é a empresa GSA, que tem se esforçado para atrair grandes empresas. A primeira delas foi a Nestlé, que inaugurou em novembro um estande de 250 metros quadrados onde vende água, sorvete, biscoito, chocolate e panetones, a preços bem menores do que nos supermercados da capital.

Giovan Ferreira, diretor de marketing da GSA, diz que o local tem boa infraestrutura e comodidades que a rua não oferece: pousada gratuita com 200 leitos para descanso e banho dos motoristas, banheiros (a R$ 1 / US$ 0,6), segurança privada, atendimento médico de emergência, além de conveniências como farmácia e caixa 24 horas do Bradesco. "Nosso sonho é ter uma agência bancária aqui dentro", diz. O impedimento, diz ele, está no tempo do contrato de locação, que é renovado anualmente pela GSA com o governo federal. Já os bancos trabalham com prazo de 10 anos. "Mas estamos conversando com todos os grandes bancos", diz.