02/04/10 14h51

Varejo deve bater recorde de fusões em 2010

O Estado de S. Paulo

Levantamento da PriceWaterhouseCoopers, feito a pedido do Estado, mostra que o número de fusões e aquisições no comércio no primeiro bimestre deste ano já supera o dos dois primeiros meses de 2007, ano que marcou o recorde desse tipo de negócio, com um total de 58 operações. No mês passado, a criação da segunda maior empresa de varejo do País, com a união entre Insinuante e Ricardo Eletro, indica que 2010 pode quebrar o recorde de três anos atrás.

Em 2008 e 2009, a cautela dos empresários diante da crise fez o número de incorporações e fusões cair para 38 e 24, respectivamente. A recuperação da economia brasileira foi marcada pelo aquecimento da demanda interna e pela expansão de quase 6% varejo em 2009. O anúncio de megafusões - como a que criou a Máquina de Vendas esta semana, ou o conglomerado Pão de Açúcar-Ponto Frio-Casas Bahia no final do ano passado - contribui para estimular novas etapas de consolidação do setor, aponta Alexandre Pierantoni, sócio da Price para a área de finanças corporativas.

"A consolidação na cadeia varejista já vem de alguns anos, com o fortalecimento de grupos locais e a chegada de internacionais. Os últimos dois anos foram atípicos por causa da crise, mas acho que este ano vamos superar o patamar de operações de 2007. Já temos grandes players. Não vamos ver negócios de bilhões todo dia, mas vão continuar as transações de nicho ou entre cadeias menores e atores regionais", prevê Pierantoni.

Em janeiro e fevereiro, a Price contou sete operações de fusão ou aquisição. Em 2007, apenas três haviam ocorrido no mesmo período. Pierantoni chama a atenção para o fato de o número de operações nos dois primeiros meses de 2010 ser o mesmo do início de 2008. O executivo enumera a atratividade atual do mercado brasileiro, com quase 60% do PIB gerado internamente e manutenção do incremento da renda e acesso ao crédito, como os principais fatores que realçam o potencial do varejo. E o comércio começou bem o ano. Em janeiro, o volume de vendas cresceu 2,7% em relação a dezembro e 10,4% na comparação com janeiro de 2009. No acumulado de 12 meses, a alta é de 6,2%.

"A despeito de a economia não ter crescido, o ano passado foi bom e este ano começou muito aquecido. Isso estimula as empresas a serem mais agressivas. Há muitas oportunidades", analisa Alberto Serrentino, sócio-sênior da GS&MD - Gouvêa de Souza, consultoria de varejo. Para o consultor, ao encampar Ponto Frio e Casas Bahia, o Pão de Açúcar detonou uma nova onda de consolidação. Serrentino diz que, embora os últimos negócios tenham criado concentração forte, o setor ainda é pulverizado, mais um elemento favorável à consolidação. Por isso, diz, a concorrência que leva a preços baixos não está ameaçada.