15/01/10 10h25

Varejo tem avanço de 5,5% até novembro

Folha de S. Paulo

Embalado por crescimento da massa salarial, redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e câmbio favorável, o comércio varejista teve, em 2009, um desempenho melhor que o esperado no começo do ano e acumulou expansão de 5,5% de janeiro a novembro, segundo o IBGE. Em novembro, as vendas subiram 1,1% na comparação livre de efeitos sazonais com outubro, na sétima taxa positiva consecutiva para esse indicador.

Para Carlos Thadeu de Freitas, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio), o comércio "surpreendeu em 2009" e se saiu "muito melhor do que o esperado". Reagiu antes de setores como a indústria, diz, graças a um conjunto de fatores: preços mais baixos de alimentos e importados -em boa medida por causa do dólar desvalorizado-, recuperação mais firme do crédito a partir de meados do ano passado e manutenção da renda e do emprego.

Todos esses fatores, avalia, animaram consumidores e devem ter assegurado um crescimento da ordem de 6% para o varejo em 2009 -patamar inferior, porém, aos 9,13% de 2008. Se tal estimativa se confirmar, terá sido o pior desempenho do setor desde 2005 (4,84%). Para 2010, Freitas acredita que o comércio "tem tudo para voltar a crescer" na faixa de 9%, nível anterior à crise. "Não há nada à vista que impeça um bom desempenho. O crédito deve melhorar e a massa salarial vai crescer mais de 5%, com mais força do que em 2009."

Em 2009, o grande destaque foi o ramo de supermercados e demais lojas de alimentos, com expansão acumulada de 8,2% até novembro. Sozinho, segundo o IBGE, o ramo correspondeu a 71% de todo o crescimento do varejo no período. Nilo Lopes de Macedo, economista do IBGE, diz que tal resultado se sustentou graças ao aumento abaixo da inflação dos preços dos alimentos ao longo de 2009. Pesou ainda o receio das famílias de se endividarem e a opção por bens de menor valor, como alimentos e artigos de uso pessoal, vendidos por supermercados.

De outubro para novembro, as vendas de supermercados subiram 1% e impulsionaram o varejo, ao lado de móveis e eletrodomésticos (+5,9%). No acumulado do ano, o setor de móveis e eletrodomésticos registrou crescimento de 13,9%. Foi favorecido pela desoneração do IPI e, mais recentemente, pela recuperação do crédito, segundo Macedo.

Esses mesmos fatores, diz, alavancaram as vendas de automóveis, que subiram 37,1%. Em novembro, com a redução gradativa do benefício fiscal, aumentaram apenas 0,5% na comparação com outubro. A atividade não integra o índice de comércio varejista por vender também no atacado. Segundo Macedo, o único setor que não reagiu ao estímulo do governo dado com a desoneração de IPI foi a construção civil -também fora do índice do varejo. Suas vendas caíram 7,4% no acumulado do ano, mas já esboçaram uma reação de outubro para novembro, com aumento de 2,7%.