16/09/08 10h52

VCP e Aracruz formam gigante da celulose

Gazeta Mercantil - 16/09/2008

O acordo anunciado ontem entre os grupos Votorantim e Safra, unindo a Votorantim Celulose e Papel (VCP) e a Aracruz Celulose, formará uma empresa que controlará cerca de dois terços da produção de celulose brasileira e deve fortalecer o poder de negociação de preços da companhia junto a clientes no mercado internacional. Ao mesmo tempo, a fusão expõe a Suzano Papel e Celulose, que deve buscar unir forças por meio de parcerias com outras empresas, segundo analistas ouvidos pela Gazeta Mercantil. O acordo informado ontem à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) acontece pouco mais de um mês após a Votorantim ter anunciado o fechamento de outro acordo para compra da participação de 28% da família Lorentzen na Aracruz por R$ 2,71 bilhões (US$ 1,7 bilhão) e era esperado pelo mercado. As duas empresas criaram uma holding. Cada uma, Votorantim Industrial S.A (VID) e Grupo Safra, terá 50% das ações ordinárias, com direito a voto. "A criação dessa grande empresa deve facilitar a negociação de preços com grandes consumidores e ajudar a exportar em melhores condições", explicou Elton Bicudo, analista da Tendências Consultoria. Bicudo afirmou que, em virtude da demanda internacional, o grande desafio das fabricantes brasileiras pode ser manter os preços no próximo ano. Segundo o analista, o reajuste médio no preço da celulose de fibra curta conseguido pelas empresas nos últimos anos ficou em 10%. No entanto, este ano o aumento já foi de 17%. Apesar de favorecer o poder de negociação, Bicudo lembrou que mesmo após a fusão, a empresa ainda não terá um peso internacional de influenciar muito nesse processo de negociação. "Eles terão maior poder de barganha, mas ainda estarão sujeitos à oferta e à demanda de celulose", concordou Catarina Pedrosa, chefe de análise do Banif. De acordo com os analistas, as empresas devem integrar os processos nos próximos anos, o que pode levar a uma escala de prioridades dentro dos cronogramas de investimentos já anunciados. Bicudo acredita que os investimentos programados para serem finalizados entre 2010 e 2012 serão mantidos.