08/10/10 12h09

Vendas de ração para pets deve crescer 7%

Valor Econômico

Impulsionados pelo ganho de poder aquisitivo da população, vários setores da indústria de bens de consumo não duráveis tiveram alta de vendas expressiva no ano passado. As cervejarias, por exemplo, venderam 5,9% mais em volume que em 2008, segundo a Nielsen. Os fabricantes de cereal em barra comercializaram 17% mais. As vendas de molho de tomates subiram 13% e a de vegetais congelados, 19%. O mercado de ração para animais de estimação, porém, não responde a esse impulso. Nos últimos três anos, as vendas estacionaram na casa do 1,7 bilhão de toneladas de ração, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos para Animais de Estimação (Anfalpet). Por quê?"Não basta só o consumidor ter dinheiro no bolso para que o mercado 'pet' cresça", diz Fernando Rodrigues, gerente negócios da unidade de cuidados para animais de estimação da Mars, que fabrica as marcas Pedigree, para cães, e Whiskas, para gatos. "As vendas de rações são mais diretamente relacionadas ao nível de informação do dono do animal do que com o seu poder aquisitivo", afirma o executivo. É por isso, segundo ele, que a marca Pedigree, que é lider do mercado com 22% das vendas, tem um percentual maior no Nordeste do país. "Naquela região, predomina a população de classes C e D, mas nossa participação de mercado ali fica na casa dos 30%", diz ele. Este ano, entretanto, a maré deve melhorar para os fabricantes. A previsão da Anfalpet é de que o mercado cresça 7% em volume, graças ao esforço de marketing e de treinamento das empresas. "Vendemos os produtos da Royal Canin apenas em 'pet shops' porque em supermercados seria impossível oferecer as indicações e as informações dos produtos", diz o presidente da Royal Canin do Brasil, Bernard Pouloux. "Todos os nossos vendedores são treinados e também oferecemos treinamento para os veterinários e representantes dos nossos 15 mil pontos de vendas oficiais em todo país", diz. A Royal Canin foi a pioneira no mundo na criação das rações super premium, que têm mais nutrientes e são mais específicas que as tradicionais. Há, por exemplo, rações para determinadas raças, como o pequeno shih-tzu. As vendas da empresa, conforme Pouloux, devem crescer acima da média do mercado, uma vez que o segmento de rações premium e super premium têm registrado crescimento mais acelerado. No Brasil, segundo ele, 60% dos donos de animais ainda alimentam seus 'pets' com restos de comida. A indústria não tem conseguido aumentar significativamente a fatia dos que usam apenas rações industrializadas, mas tem tido êxito na sofisticação do mercado. "Dentre os que já compravam rações, há mais gente adquirindo as premium e super premium", diz o presidente. É por conta desse aquecimento nesse nicho que a Pedigree está lançando sua primeira ração super premium - com carne de cordeiro. "Em 1993, o mercado tinha 16 fabricantes. Agora são mais de 150. É impossível crescer se não tivermos produtos diferentes da maioria", diz Fernando Rodrigues.