02/07/10 14h56

Vendas de TI crescem 20% no semestre

Valor Econômico

O mercado brasileiro de tecnologia da informação (TI) cresceu, e muito, nos primeiros seis meses do ano. Números preliminares adiantados ao Valor apontam que empresas e governo gastaram R$ 24,3 bilhões (US$ 13,5 bilhões) com tecnologia no período. O resultado é quase 20% superior ao verificado no mesmo semestre de 2009, quando o setor relatou vendas de R$ 20,3 bilhões (US$ 10,3 bilhões), segundo a consultoria IT Data. Fabricantes de equipamentos e componentes como Hewlett-Packard (HP), Intel, EMC, Itautec e Positivo registraram taxas de crescimento entre 20% e 32%.

O desempenho ficou pouco acima da indústria geral, que acumulou alta de 17,3% até maio e deve fechar o semestre com aumento de 16,5%, segundo a LCA Consultores. Além de fatores como expansão da oferta de crédito e da renda, nível de inadimplência estabilizado e perspectiva de crescimento do PIB de 7,3% no ano, contribuíram para o resultado a retomada das encomendas pelas empresas, que tinham adiado a renovação de infraestrutura no ano passado. Também ajudaram no resultado as compras do governo, mais concentradas na primeira metade do ano, e a expansão da demanda da classe C.

A HP foi uma das companhias favorecidas pelas encomendas crescentes de empresas e demanda aquecida no varejo. O vice-presidente da área de sistemas pessoais da HP, Cláudio Raupp, observa que as empresas costumam renovar um terço do parque de máquinas a cada ano, mas em 2008 e parte de 2009, por conta da crise financeira internacional, essa renovação não foi completa. As compras do governo também contribuíram para a expansão das vendas no semestre. Raupp não cita números, mas diz que a HP cresceu acima da média do mercado no período. No segmento de produtos para pessoas físicas, a demanda crescente das classes C e D foi o principal impulsionador das vendas no país ao longo do período, com o segmento de notebooks na liderança das vendas.

A Itautec também sentiu os efeitos da retomada das encomendas. De acordo com o vice-presidente comercial da companhia, Cláudio Vita, as vendas subiram 30% no semestre em relação ao mesmo intervalo de 2009. Entre os segmentos que investiram mais na substituição de equipamentos estão bancos e empresas de varejo. Para o segundo semestre, a expectativa da Itautec é manter o ritmo de vendas, ao menos para o mercado corporativo. Para o ano, a Itautec prevê expansão de 17% no mercado de computadores, para 14 milhões de unidades.

A Intel, que no fim do ano passado foi apontada como muito otimista ao prever para o setor expansão de 25% neste ano, viu no primeiro semestre um crescimento na demanda brasileira por itens de TI de 30%, afirma o diretor de marketing da Intel Brasil, Cassio Tietê. Além da retomada das encomendas de empresas e das compras de governo, Tietê destaca a expansão no número de famílias das classes C e D que adquiriram o primeiro computador. "Outra tendência que se torna mais forte no Brasil é a individualização do PC", afirma. Ele observa que o brasileiro tomou gosto por usar o computador para se comunicar e, com a popularização das redes de terceira geração de serviços móveis, consumidores das classes A, B e C começam a adquirir um PC para cada membro da família. Para 2010, Tietê prevê crescimento mais próximo de 25% no mercado.

O otimismo não é menor na Positivo Informática, que lidera a venda de PCs no país. É preciso lembrar, no entanto, que o crescimento se baseia nos resultados de um semestre apático de 2009, comenta Hélio Rotenberg, presidente da companhia. Durante a crise, diz Rotenberg, o governo foi o grande fomentador do mercado, enquanto as empresas tiveram queda abrupta de compra. "Este ano, os negócios retomaram o fôlego, o mercado está bom e competitivo", comenta. Entre janeiro e março, a Positivo vendeu 425,7 mil computadores, 32% a mais que no primeiro trimestre de 2009.

O momento é de investimento, diz Carlos Cunha, diretor geral da EMC, especializada em equipamentos de armazenamento de dados. "Estamos trabalhando na elaboração de um plano de três anos, que terá início neste semestre", comenta. "Queremos trazer a produção de novos equipamentos para o país e ampliaremos o quadro profissional."