Würth adia aquisição e investe na expansão orgânica no Brasil
Valor Econômico
O grupo Würth, de origem alemã e que atua há 40 anos no Brasil, está direcionando seus investimentos ao crescimento orgânico das operações no pais, deixando em segundo plano as aquisições.
O presidente do grupo no país, César Alberto Ferreira, disse que duas aquisições planejadas para este ano, foram adiadas: "As negociações estavam avançadas, mas o grupo decidiu deixar para o ano que vem, por causa do cenário internacional". O executivo diz ter certeza, no entanto, que as transações vão acontecer em 2013.
As perspectivas da Würth são positivas. O grupo vem crescendo em um ritmo forte no Brasil desde o início da década passada. As taxas médias de expansão, conforme a empresa, superam 20% ao ano, desde 2003, e a meta é manter esse ritmo, ao menos, até 2020.
O faturamento global em 2011 foi de € 9,7 bilhões - R$ 440 milhões no Brasil. Para 2012, a expectativa é faturar R$ 500 milhões no país, o que ficará abaixo do crescimento médio de 20%, mas será compensado nos anos seguintes, afirmou o executivo.
Ferreira afirma que será possível manter um ritmo forte, pois há espaço para esse crescimento. Além disso, o foco do grupo é voltado a atividades de reparo, menos suscetível a crises econômicas. "Meu negócio não é tão ruim em um momento de desaceleração, porque a indústria não está comprando maquinário novo, mas precisa dar atenção à manutenção dos ativos existentes", explica.
O negócio da Würth, que nasceu como uma casa de parafusos, expandiu-se para os mais variados ramos de atividade. No exterior, o grupo possui até hotéis. No Brasil, ela atende desde montadoras como Ford e Volkswagen até a siderúrgica Gerdau e a JBS, de frigoríficos.
Os setores mais importantes para a empresa seguem sendo componentes de fixação - como porcas, parafusos e arruelas -, ferramentas industriais e produtos químicos, área essa que vem crescendo em participação no faturamento (cerca de 30% da receita global e próxima a 35% do resultado no Brasil).
Em 2005, o grupo comprou a AP Winner - o nome foi mantido, como é tradição nas aquisições do grupo -, de insumos químicos, com fábrica em Ponta Grossa (PR). O modelo deu certo e será até exportado para a China, que terá uma fábrica AP Winner. Na unidade paranaense, estão sendo investidos R$ 30 milhões até o fim do ano. Com a expansão física da fábrica, a capacidade de produção vai dobrar, para que os produtos sejam também exportados para a América Latina.
Outros R$ 35 milhões estão sendo investidos no negócio de ferramentas industriais Würth, um dos carros-chefes do grupo e aposta de crescimento no Brasil. Desse montante, R$ 25 milhões estão sendo destinados a expansão do centro de distribuição na sede, em Cotia (SP), e outros R$ 10 milhões à abertura de um novo centro em Goiânia, prevista para acontecer ainda este mês. A empresa passará a ter quatro centros de distribuição brasileiros.
Ferreira explica que outro objetivo é expandir o modelo de lojas próprias, que vem dando bons resultados na Europa. A Würth começou suas atividades com vendas porta a porta. Até hoje, mantém um grande número de vendedores - 36 mil globalmente, o que representa mais da metade dos funcionários. No Brasil, são 1.500 vendedores.
A empresa tem apenas sete lojas no país - são 1.800 na Europa. A meta é chegar ao fim do ano com 10, e a 300 pontos de venda em 5 anos. O grupo também quer aumentar o número de lojas móveis, vans que funcionam com um vendedor/motorista. Hoje, são 30 operando no país. A ideia, segundo Ferreira, é chegar a 60 até o fim de 2013 e alcançar 120, até 2015. De acordo com a Würth, cada loja exige um investimento de R$ 500 mil e cada van custa R$ 250 mil.
A outra linha estratégica para expandir o negócio de ferramentas industriais é transferir a fabricação ao país. Atualmente, as ferramentas Würth são trazidas de fora, principalmente da Europa. O executivo afirma que as aquisições, que agora estão sendo preparadas para o ano que vem, visam justamente suprir essa demanda por uma unidade fabril desse setor instalada no país.